quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Review TESTAMENTO por Fabio Melo do Groundcast

c1 1 300x300 [Review] Rádio Morto – Testamento (2013)Nota: 3,5/5,0
Exis­tem alguns tra­ba­lhos que pre­zam pela ori­gi­na­li­dade, outros pela cora­gem. No caso do novo disco do Rádio Morto, temos o extremo dos dois casos, onde o pri­meiro acaba se tor­nando a causa do segundo.
Em pri­meiro lugar, ao ouvinte incauto, trata-se de um tra­ba­lho que mes­cla o post-punk com o expe­ri­men­tal, numa linha que remete ao SPK. Aviso muito bem vindo, aliás, pelo fato de a música da Rádio Morto ser de audi­ção difí­cil, dados alguns ele­men­tos des­cri­tos abaixo.
Num pri­meiro momento, parece ser uma gra­va­ção de baixa qua­li­dade. E é exa­ta­mente este o pro­pó­sito, soar como algum ruim, mal aca­bado, mal­feito. Com estas qua­li­da­des o disco se trans­forma numa expe­ri­ên­cia muito inte­res­sante para o ouvinte.
Ad Mor­ten” é uma faixa ins­tru­men­tal esqui­sita, estra­nha, que começa com um vio­lão e uma sirene. “Gótica Pro­fana” é uma música de post-punk bem mini­ma­lista, já com mos­tras do que virá no disco, com seus chi­a­dos e vocal estou­rado na maior parte das músi­cas. ”Misan­tro­pia” tem um tre­cho nar­rado do finado Alborgheti e con­ti­nua com um rap bem bacana. “Santa Vadia” fun­ci­ona como um inter­lú­dio para a pró­xima música, “Garota Cadá­ver”. Esta música tem uma per­cus­são em lata reme­tendo ao expe­ri­men­ta­lismo do Test Dept, mes­clado ao post-punk, cri­ando uma melo­dia que dis­soa do vocal. “O Indi­gente” é a faixa mais “nor­mal” deste disco, con­tendo uma melo­dia de vio­lão e a letra can­tada num ritmo dife­rente do que é tocado. “Vul­tos Satâ­ni­cos”, a melhor faixa deste tra­ba­lho, flerta com o Power Elec­tro­nics e com o Noise, lem­brando um pouco o tra­ba­lho do Dis­ci­plina Urbana. “Uru­bus na Car­niça” soa mais post-punk, ainda com algum expe­ri­men­ta­lismo, enquanto “O Vale da Som­bra da Morte” é um trip-hop muito bom. “Tes­ta­mento”, a faixa título, é um tra­ba­lho de post-punk expe­ri­men­tal, com vari­a­ções no vocal e no volume ao longo da música. “A Eter­ni­dade” é um tra­ba­lho de “spo­ken words”, um gênero pouco difun­dido em lín­gua por­tu­guesa e que sem­pre rende fru­tos bas­tante inte­res­san­tes, ainda mais quando se recita pala­vras do grande filó­sofo ale­mão Fri­e­drich Wilhelm Nietzs­che. “Terra dos Sonâm­bu­los” pode­ria ser bem uma tri­lha de algum filme, com um ins­tru­men­tal muito bom e “Apo­ca­lipse” fecha o disco, no melhor estilo Test Dept de fazer música.
Enfim, é um disco que exige paci­ên­cia, que será recom­pen­sada, para absor­ver toda a den­si­dade deste tra­ba­lho. É um disco naci­o­nal ino­va­dor em sua pro­posta e, por conta de tudo o que foi dito, deve ser escutado.

http://groundcast.com.br/review/review-radio-morto-testamento-2013/

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